domingo, 31 de maio de 2009

A Bus Named Fear [3]

Ok, e lá estava eu de novo no ônibus. Preferi sentar no fundo e não tinha idéia do que faria. Como sempre, ele estava lá, na frente. Eu ainda estava dolorida, mas meu tormento era o turbilhão de coisas que passava pela minha cabeça. Fiquei olhando para o vazio que estava fora da janela, então, virei meu olhar para o chão e percebi que nele havia sangue. Sangue fresco. Ele vinha do motorista e chegava até a mim. O motorista não se mexia, mas mesmo assim o ônibus ia rápido. Meu amigo (ou inimigo) desconhecido não parecia alarmado. Mas eu entrei em pânico e tentei correr para o volante. Assim, escorreguei no sangue e preferi ir me arrastando. Não faltava muito, mas foi então que eu me dei conta que para chegar ao volante eu teria que passar pelo companheiro de viagem. Bem, ou eu passava, ou morria sem tentar. continuei me arrastando e cheguei ao lado do estranho ser, mas não olhei. Só que eu podia sentir seus olhos em mim. Cheguei até onde ficava o motorista. Ele era muito pesado, mas consegui tirá-lo de seu assento e frear.

Quando o ônibus parou, várias pessoas entraram. Só que elas não pareciam ter reparado no rio de sangue nem no corpo que jazia ao meu lado. Mesmo que o seus sapatos formassem pegadas vermelhas, não fazia diferença. Alguém gritou se o ônibus ia ou não partir. Olhei pelo espelho para ver a multidão e tomei um susto ao perceber que não tinha mais ninguém ali, a não ser meu bom e velho ser sem rosto. Ele estava de cabeça baixa e o chapéu não deixava que eu visse detalhe algum. Resolvi ir lá falar com ele. Eu tinha toda a coragem do mundo, visto o que eu tinha acabado de passar. Ir conversar com alguém, mesmo que esse alguém fosse um pesadelo para mim, era muito simples. Cheguei até ele, com passos firmes, e disse olá. Ele não respondeu. Perguntei se sabia o motivo daquelas coisas estarem acontecendo. Nada. Foi aí que percebi que seu peito não se enchia nem esvaziava. Ele estava morto? Inadmissível pensar uma coisa dessas. Levantei seu chapéu e vi seu rosto que era comido por vermes. Não havia mais feição alguma ali. Com o susto que tomei, acabei empurrando-o por reflexo. Ele caiu para o lado e sua cabeça se soltou do corpo. De lá saiu uma infinidade de insetos e vermes. Vomitei em cima do corpo que caiu em uma posição estranha. Foi aí que algo me agarrou por trás, era o motorista. O sangue que saía dele me banhava. Era quente, mas eu o repugnava. Não conseguia me soltar.

E o ônibus tinha voltado a andar.

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